06 Rota do Dão

Descrição

A Rota dos Jardins Históricos do Dão tem como lugar central a cidade de Viseu e um notável conjunto de quintas de recreio na sua envolvente. A cidade desenvolve-se em torno da antiga Sé, na sua posição altaneira, paredes meias com o Museu Grão Vasco.

Trata-se de uma história inscrita no granito, bem no coração do interior de Portugal, onde faz frio e calor daquele que gela e escalda. Os rios Dão e Mondego e os seus afluentes produziram vales estreitos e fundos, balizados pelas serras do Caramulo, Buçaco e Estrela. Nas quintas existem campos extensos e matas frondosas às quais se acede por longas carreiras de buxos, às vezes de loureiros outras de camélias, atrás das quais se escondem pomares e hortas. Surgem jardins e aveloais. A água nasce do granito e segue por canais e canaletos para tanques e fontes distribuídos por pátios e avenidas. As vistas alargam-se em direção à Estrela e ao Caramulo.

A rota assume como figura tutelar o bispo D. Miguel da Silva (1486-1556), embaixador em Roma, Bispo de Viseu e Cardeal da Igreja Católica Romana que em Viseu criou uma verdadeira corte trazendo consigo de Roma o arquiteto Francesco da Cremona (c.1480 - c.1550) com quem revolucionou a arquitetura e a cultura da cidade. O seu legado é diverso – desde o claustro renascentista da Sé ao Paço episcopal na quinta do Fontelo que tanto impressionou os seus contemporâneos. Hoje a quinta mantem as portas abertas enquanto Parque do Fontelo. Quinta dos Condes da Anadia em Mangualde, Quinta do Loureiro em Silgueiros, Quinta de Chão de São Francisco são algumas das quintas onde encontramos essa inspiração. Ainda em Viseu, o Vale do Pavia foi rico em quintas, uma memória hoje fixada na Quinta de Santa Cruz propriedade da Câmara Municipal. Outros espaços públicos de recreio impõem-se pelo seu valor patrimonial como a Cava de Viriato. A Quinta da Ínsua, com os seus jardins e mata é um verdadeiro ex-libris e guardiã de uma história importante e singular.

Um destaque para o projeto Santar Vila Jardim, a sul de Viseu no concelho de Nelas, liderado pelos proprietários da casa dos Condes de Santar e Magalhães e que congrega a casa das Fidalgas, a casa da Magnólia, a casa Ibérico Nogueira, a Misericórdia de Santar soba batuta de Fernando Caruncho. Aqui derrubaram-se muros para juntar jardins, hortas e bosques de propriedades vizinhas e todos fruírem de uma experiência de qualidade.

Para além das quintas de recreio, umas de antiga génese outras mais recentes, na envolvente de Viseu e dos jardins e parques públicos na cidade, a rota integra ainda lugares religiosos como o Santuário de Nossa Senhora do Castelo ou o distinto e intimista Mosteiro cisterciense de São Cristóvão de Lafões. Há uma forte sobreposição do território da rota com a Região Demarcada do Dão onde em altitudes entre 400 e 500 metros se distribuem cerca de 20 000 hectares de vinha.

Eis uma história de uma densidade rara no contexto da arte paisagista e na arte dos jardins em Portugal.